Importância da avaliação da qualidade das águas subterrâneas na região afetada pelo rompimento da barragem

Publicado em 08/02/2021

Durante o processo de mineração, ocorre a separação dos metais de interesse e os rejeitos gerados (descarte) por vezes são acumulados nas barragens, potencializando a concentração de metais e metalóides, sendo alguns deles tóxicos. Com o rompimento da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, de propriedade da mineradora Vale S.A, estes elementos que foram jogados no meio ambiente podem penetrar nos solos e corpos d'água e causar contaminações de águas superficiais e subterrâneas.

A contaminação com mercúrio (Hg), arsênio (As), chumbo (Pb), cádmio (Cd), cromo (Cr) e níquel (Ni) causa maior preocupação devido à alta toxicidade desses elementos, mesmo em baixas concentrações. Por isso, esses elementos são tema de muitos estudos e alvos da atenção de muitos programas de monitoramento de qualidade de águas, tanto superficiais como subterrâneas. A probabilidade desses elementos, que estão disponíveis nas rochas e são extraídos durante o processo de mineração, alcançarem certo nível de concentração nas águas e apresentarem riscos ao meio ambiente e à saúde humana não é pequena.

O Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM) iniciou coletas e análises emergenciais diárias de amostras de água e coletas semanais de sedimentos a partir do dia em que ocorreu o desastre em Brumadinho. Os resultados obtidos encontram-se nos informativos disponibilizados no site do IGAM e indicaram o aumento de concentrações de metais tóxicos como mercúrio e chumbo imediatamente nos primeiros dias após o desastre. Os informativos posteriores mostraram uma normalização dos valores de concentração encontrados para esses elementos.

É importante ressaltar que desde o rompimento da barragem a captação de água do rio Paraopeba para tratamento e disponibilização para consumo humano foi interrompida à jusante do ponto da confluência do Ribeirão Ferro-Carvão com o Rio Paraopeba. Este fato resultou em um aumento da utilização de água subterrânea para  diversos fins, além da perfuração de novos poços para garantir o abastecimento da população (IGAM). O programa de monitoramento de águas subterrâneas do Estado de Minas Gerais  encontra-se em fase de implementação pelo IGAM e ainda não há dados sobre a qualidade da água dos poços de água subterrânea outorgados pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD).

Portanto, mostra-se não apenas importante como também urgente que a qualidade das águas subterrâneas das propriedades seja avaliada ao longo do rio Paraopeba. Essas águas vêm sendo utilizadas para consumo humano, irrigação e dessedentação animal, o que traz dúvidas com relação aos impactos diretos à saúde humana e prejuízos socioeconômicos relacionados ao comércio de produtos agropecuários produzidos na região. Assim, uma avaliação sistemática mostra-se relevante para tranquilizar os consumidores que estão utilizando essa água. 

Esse é o objetivo do Subprojeto 10: coletar amostras de água subterrânea da bacia do rio Paraopeba para determinar a presença de metais, metalóides, microrganismos termotolerantes e Escherichia Coli. O Subprojeto 10 e sua equipe irão propor e executar um plano de coleta de amostras de água subterrânea da bacia do rio Paraopeba de acordo com o plano amostral apresentado pelo Comitê Técnico-Científico (CTC), ao qual contempla 144 pontos de coleta.

Atualmente a equipe do Subprojeto 10 está em campo para dar início às etapas propostas do subprojeto. Confira abaixo as fotos da ida à campo!