Animais mortos ao longo do Rio Paraopeba: o que fazer?

Entenda por que é importante prestar atenção à mortalidade dos animais da fauna de sua região!

Publicado em 04/12/2020

Os rios são grandes centralidades de vida. Um exemplo disso são as primeiras cidades da História: todas foram erguidas nas proximidades dessas fontes de água doce. Muitos animais também vivem em áreas de rios, afinal, eles precisam de água para viver, não é mesmo? 

Se você vive nas proximidades do Rio Paraopeba, deve perceber como os animais silvestres aparecem no seu dia-a-dia: pássaros cantando, saguis nas árvores, pequenos roedores, sapos e rãs, além dos peixes. Como não são domesticados, eles dependem dos recursos da natureza para sobreviver, e podem ser gravemente afetados por qualquer alteração no meio ambiente.

Tragédias em barragens, como ocorreu em janeiro de 2019 em Brumadinho, podem ocasionar contaminação ambiental. O Rio Paraopeba recebeu um grande volume de rejeitos de mineração, o que pode ter influenciado na vida dos animais da região, fragilizando sua saúde ou até mesmo causando a morte.

Esse impacto na saúde acontece porque, ao beber da água do rio, os animais absorvem as substâncias que estão presentes nela, sejam elas benéficas ou maléficas para sua saúde. Devido ao processo de bioacumulação, essas substâncias vão se acumulando aos poucos no corpo dos animais que vivem na região. No caso de compostos químicos tóxicos, esse excesso pode levar os animais ao óbito.

Os pesquisadores do Subprojeto 06 do Projeto Brumadinho estão monitorando a mortalidade dos animais em propriedades que estejam a até 1 Km do Rio Paraopeba, sejam eles domésticos, de produção ou animais da fauna, silvestres. O objetivo deste subprojeto é fazer a necropsia, ou seja, um exame completo do cadáver dos animais que forem encontrados mortos na região até a metade de 2022, coletar amostras para análises posteriores e determinar o que causou a morte de cada um desses animais.

As amostras coletadas serão submetidas a testes histopatológicos e toxicológicos, capazes de identificar alterações nas estruturas biológicas desses animais, assim como a presença de elementos tóxicos nos organismos, o que torna possível compreender o nível de contaminação ambiental do Rio Paraopeba e se ela é responsável pela morte de animais em suas proximidades.

Além do impacto na vida dos animais silvestres, a contaminação das águas, dos solos e do ar também pode afetar a saúde dos animais domésticos, de produção e até mesmo dos seres humanos. Também podemos ser contaminados ao consumir peixes, leite ou ovos que estejam intoxicados.

Por isso, ao pesquisar a causa mortis dos animais da fauna, o subprojeto 06 também ajuda a compreender o quanto o desastre ambiental afeta a vida de todas as populações que dependem do Rio, o que é essencial para a saúde de todos nós.

Como o Subprojeto 06 está acompanhando 19 cidades, é muito importante que as comunidades auxiliem no acompanhamento de cada região, informando às assessorias no caso da morte de qualquer animal da fauna, mesmo aves e peixes, além de animais domésticos, como cães, gatos, pássaros e também animais de produção, como bovinos e equinos. A equipe de pesquisadores está sempre à disposição para ir ao encontro dos cadáveres encontrados. No caso de animais de pequeno porte, eles serão transportados até a Escola de Veterinária da UFMG para a realização da necropsia, mas ela ocorrerá no local para os animais de grande porte.

Saiba mais sobre o Subprojeto 06 e como você pode ajudar!